quinta-feira, 31 de março de 2011

Atos Falhos


Retalhos escassos, fotos e recordações
Inundam as janelas de um inconsciente adormecido
Incendeiam lembranças de um suspiro esquecido
Recordam o beijo pendente guardado em orações..

Cruzo com teus olhos, numa rua deserta
Onde as árvores assistem e derrubam suas folhas secas
Chuva sem vida paira sobre nossas cabeças;
Sublimam-se as lágrimas no meio das mágoas em floresta.

Palavras são trocadas como olhares intrigados
Esperando atos falhos ou uma declamação de poema
Contudo, os versos desistiram de serem violados..

A tinta da caneta termina de soar o fonema
Dos calados verbetes em poesia eternizados
Da longa história banhada em eternos dilemas.



sábado, 26 de março de 2011

A Velocidade do Som

Uma voz longíqua no tempo lento..
clama por mudanças reais e inoportúnuas
Sussura em passos leves as infortunas
Que vieram de mãos dadas com o vento..

Suspira em meu ouvido um sopro
De lamentações insanas e incoerentes
Beija-me o tímpano, vibrações inconsequentes
Toca-me a alma em que me condeno e morro.

Traz em seu leito o amor que, distante,
Guardei no berço do incansável desejo
E hoje revivo de instante a instante

Fecha meus olhos, oh doce ensejo
E banha meu corpo em tua pura e vislumbrante
Arte insustentavel de amar mais que almejo!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Silêncio

Dizemos tantas palavras sem nexo
Tantas mentiras passando-se por verdades
Tantas esperanças e atos covardes
Incontáveis "nós", pronome desconexo..

Sentimos tanta intensidade de uma maneira
incrivelmente conturbada e imprevisivel
Uma forma intradutível e insensível
Que não sei quando me ama ou quando me rejeita..

Imerso nessas dúvidas, onde não existe sim
E o não parece ser resposta pra tudo
Onde o mar não afoga mais que a certeza de meu fim..

Nado contra a correnteza, grito quando estou mudo,
Versos de uma vida que aqui enterro, enfim
Palavras de um amor que cansou de ser bobo, sobretudo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Dizeres da Noite


Quando olho pra lua, vejo
teu rosto sorrindo nas curvas
Um amor que se afogou em águas turvas
Uma solidão que morreu por desejo..

Navegando pela imensidão lunar, lá surge
Pulando de estrela em estrela, olhe!
O amor que escondi numa nebulosa, se encolhe
envergonhado por te amar mais do que pude

E tu me olhas com teu profundo olhar
Dizendo palavras que jamais pude entender
Dizendo versos de um poeta que só soube amar

E não dizes nada pois as palavras sequer
Podem retratar o que o amor não soube falar
Ou dizer o que ele jamais soube compreender..

sábado, 19 de março de 2011

Bipartições Múltiplas

Deslizo a caneta, suavemente, pelas folhas
retratando sentimentos que vibram pela ponta
Suavemente, a lágrima cai dos olhos, e se monta
um coração improvisado que nunca teve outras escolhas..

Sempre sentiu mais do que poderia aguentar
Sempre amou mais do que um dia ousou e quis
Sempre sonhou em eternidade e em palavras vis
Representadas em esperança que não mais pode suportar..

Agora encontra-se perdido em meio de tantos pulsos,
Entorpecido pelo sangue que cada célula embebeda
E machucado pela força com que realiza rabiscos avulsos...

Letras de uma história sem fim se completa
Em versos desimados por um sentimento em impulsos
Fracionado pela falta de amor, que a vida decreta..

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poema Por Um Beijo

O corpo pulsa a sombra de um inconsciente
atordoado pelas lembrança obscuras do passado
pulsa sonhos no vitalício pulsar machucado
pelos dias que a infancia oprimiu incansavelmente.

O coração bate sensações de carência
Que invadem o peito cheio do teu querer
Penetra em um vazio sem espaço a preencher
Compõe a canção de súplica da tua latência

Chegando às pernas, trêmulas e cansadas
Que insistem em correr sobre teus passos sem fim
Caem e se erguem nos teus beijos e palavras ousadas

Alcançando a alma, instigando-a, enfim
Explode desejos, sonhos e vontades inalcançadas
Querendo teu amor mais que um pulsar, assim.



segunda-feira, 14 de março de 2011

Sonhos


Em suspiros lentos, ele solta o ar
preso em seus pulmões de uma longa noite
O rei dos sonhos abraça-o à meia-noite
Embriagando-o em plasma sonífero e sonhar...

Calmamente, os pulmões são esvaziados
com a graça de uma estrela que no céu brilha
com a graça de uma amante que linhas trilha
Na tentativa de tocar teus pulsos cansados

Apenas durma, não acorde desse sonho
Viva-o pelos caminhos dos segundos e das horas
Onde o tempo não existe, nem o passado medonho

Apenas acorde quando beijar se fizer pelos agoras
E não ser mais parte de um sonho inconho
Mas sim de um presente que quer sair desoras..

domingo, 13 de março de 2011

O Grito das Supernovas


A nebulosa explode num céu de findáveis sóis
Explode em tamanha graça e exatidão
Aos poucos sua intensidade se dissolve em fração
Como um coração explosivo que bate por vós

As estrelas, quietas, assistem ao espetáculo
Onde reina a infinita dança das supernovas
Intimidadas,  elas brilham pulsantes e ansiosas
Esperando que essa luz atraia o amante do obstaculo

Obstáculo este atmosfericamente sólido e preso,
Em vibrações intensas de um amor mais forte que o espaço
Um amor mais intenso que a explosão de hidrogenio aceso..

A poeira cósmica remanesce, envolvendo o amante em abraço
Como memória do dia em que o espaço parou, surpreso,
De tamanho amor que inundou-o; em cada canto, eterno laço.

sábado, 12 de março de 2011

Poeira das Estrelas (Parte 1 e 2)


Lua, dançante, apaixonante e incoerente
toca os corações iluminados dos amantes
incendeia desejos noturnos vibrantes
ascente muito além de um despertar inconsequente

Dê-me tua mão, sinta o vento lunar
Nessa noite onde o mundo nos abraça
Onde a solidão carente jamais estilhaça
Nosso amor, nosso desejo, nosso altar

No embalo das estrelas, sua poeira cai
Sobre nossos beijos febris e infindáveis
Como um céu de sorrisos que ilumina e se esvai

Dança, dança amor meu, por horas intermináveis
A noite convida para um longo beijo que sai
Como desejos incontroláveis das nossas almas insaciáveis.

O céu vibra com tua chegada a minha vida
Desolação e tristeza, vivi por longos dias
As estrelas viviam em mim, num lugar sem moradias
Onde a escuridão reinava em perpétua sobrevida

A lua clama nossos nomes numa abóbada estrelada
Ela chama nossos corações que se entrelaçam em paixão
Impera os pulsos que clamam por descarrego e emoção,
Que clamam por tua permanência sempre almeijada...

Dançamos um pouco mais sobre a estrelas pueris
Amamo-nos um pouco mais sobre a lua envergonhada
Lua que enamora seu sol em brilhos febris

E deitamos nossas cabeças sobre a areia resfriada
De uma noite onde houvera mais que sonhos vis
De uma noite, que em meu coração, fora eternizada.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Farol


Cai a noite como terra na própria cova
A escuridão, suavemente, toma teu ser
Em sussurros, insustentável passa a ser
Parte de toda a desesperança que te afoga...

Caem as estrelas como facas e navalhas
No coração que está estendido sob a lua
O corpo antes de amor findou nas palavras tuas
Ou na ausência delas, solidão fiel que exalas.

Caem as lágrimas de um rosto morto
Que por ti chorou sangue até findar a vida
Contida em um amor oprimido, que pelo mal corto..

Caem as pálpebras, num ultimo olhar de ida
Como navio que parte sem jamais voltar a seu porto
Como alma vazia no mar aberto, sem chegada ou partida..

Farol

terça-feira, 8 de março de 2011

Os sonhos não morrem primeiro


Quando fecho os olhos, às estrelas, retorno-me
Que se alinham em formato doce e sutil de teu rosto
As linhas do teu semblante desenham-se num céu fosco
Cujo brilho roubaste; e nos teus olhos, envolve-me.

Quando abro meus braços e abraço o desejo inteiro
De te ver aqui de novo, nos meus braços a repousar
Vejo teus olhos úmidos e sonolentos a descansar
De uma noite onde os sonhos não morreram primeiro

Quando abro meu coração num oportuno instante
Ele clama teu nome e teu toque de amar
E clama teu amor que por mim há de nascer incessante..

Ao abrir meus olhos, os lençóis continuam, arrumados, a estar
Lembrando minha alma que tudo fora um doce sonho radiante
Mas meu coração viciado em ti permanece a te clamar!

Ventos e Velas




O relógio bate numa frequência maior que as horas
Frequência essa que transcede o limite do tempo
Rasga as feridas, destroi o coração, leva com o vento
a esperança heroica que mantive entre tardes e agoras...

As palavras ditas da tua cumplice, no feroz momento
Dilaceram meu coração que tem teu nome no peito
Remoem, em frações infimas, a chama da vela em seu leito
E enterra o sonho que construi pra nós dois aqui dentro...

E as horas passam, sem sinal de passar a minha dor
A solidão e a desesperança convidam para um tormento
Tormento este que me mata um pouco mais e adoece meu amor...

Essa duvida, essas fotos com ela, esse depoimento
De um amor que parece tão sólido e, ao mesmo tempo, sem odor
Me consomem na agonia de não me ter dentro de teu sentimento..

Últimas Palavras..


Do céu estrelado onde plantei meus sonhos
A estrela mais frágil pôs-se a cair
A gravidade, implacável, queimou-a a ponto de sentir
Toda a sua fraqueza inexorável, em pesadelos enfadonhos...

Ao cair, a estrela, num relampago, se lembrou
Dos momentos com que ela passou com seu poeta
Das confissões, dos suspiros, da valsa discreta
Que com ele dançou até explodir em amor; se lamentou...

Lamento esse não de tudo isso ter vivido
Mas de tudo isso não ter sido reprogramado
e vivido por todo o céu e estrela dividido...

Ao cair no chão duro, frio e estagnado,
A estrela cessa seu brilho num pulsar timido
Pulsar esse que contém um "sempre te amar" eternizado...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Arco-Íris

Na calada da noite, ele, gracioso, a cobre
Com seus sonhos e desejos inconsequentes
Beija-lhe a testa e acaricia seus braços quentes
Cansados de uma dança de abraço entrelaçado e nobre.

Ela, por sua vez, entrega-se ao sentimento
Sem medo do amanhã ou de pressões inoportúnuas
Os dedos dançam nas linhas das costas nuas
E o amor envolve os passos lentos do momento...

Ele, em seu lugar, toca-lhe o coração
Com palavras as quais jamais soubera da profundidade
Palavras essas, que ela, em vício, bebeu em ação...

Ela, perdida, na fronteira dos sonhos e da realidade
Põe-se ao lado dele; seus olhos fechar-se-ão
Para um triste despertar na solidão e em sua singularidade...