segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Inverno da Alma: Parte II

A chuva cai, com euforia, lá fora
Cai afoita, respira desesperada por molhar
Um sorriso, uma lágrima, uma dor a desatinar
Que cresce em lugares onde um coração fora...

Tristes lágrimas que das estrelas caem
Banham um andar distraído e descompassado
Sem rumo, sem turno, sem olhar programado
Guiado somente pela trilha onde os sonhos se esvaem...

Ao tocar a pele quente, onde um toque já habitou
Sente o frio da tristeza sorrir-lhe delicadamente,
E os braços do destino envolver-lhe como quem conquistou...

Um troféu! ela pensa, e sobre a neve, incansavelmente
Escreve com os dedos, entre feridas que ela mesma rasgou
Um nome. Um desejo. Uma vida sonhada incessantemente..

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Inverno da Alma: Parte I


A fina camada transparente, reluzente de gelo
deixa na grama, marcas de um andar conturbado
Ela estava ávida em procurar o seu amado
Por medo constante de, na névoa, perdê-lo

Nascia, de mais um dia, o desespero e medo
de acordar, novamente, na relva esplandecida
Onde o trauma do passado esperava-a, esquecida
Porém as cicatrizes continuam a pulsar em segredo..

Sussurrei em teu tímpano, desejos violentos
Que se escondem nas pegadas tímidas que agora sigo
para encontrar-te no meio dos sonhos, ou dos desalentos..

O gelo em chuva cai, para consolar o andar que traz o perigo,
Nesse inverno febril e pulsante, de tons cinzentos
Cuja previsão de frente fria era oriunda do meu desabrigo.