domingo, 23 de maio de 2010

Vergonha

A persistência dos dias em passar
Perdura a dor de viver em vazios
E por mais quente que sejam os fios
São fracas as ligações cuja tendência é findar

Os lugares onde vou, frios de sorrisos,
Gélidos de amor, putrefados de "amigos",
Banhados por mentiras, fins sem avisos,
E recomeços sem começos, vácuos de apreços.

Tu! Esconda-te! lá eles vêm!
Os hipócritas humanos, os falsos companheiros
Matando, aos poucos, o que não lhes convêm

A Natureza é sábia, seus fins são derradeiros,
Pois nada escapa da sabedoria que nela tem
Em desimar nossas almas sem inícios ou meios.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fuga

Desde o dia em que, no mundo, colocaram-me
Das estelas e das nuvens, fiz meu luto
tristes fins, vagos começos, permaneço e luto
Por um espaço que não destinaram-me

Hoje, no meio da multidão, escondo-me
Pois a solidão é inerente à humanidade
Contudo, por mais humano, a dignidade
não é inerente ao vazio que envolve-me

E mesmo rodeada de rostos lapidados,
Lindos, felizes, falsos, contudo
são desiguais os sentimentos fadados

E por mais que eu tente nos meus achados
a vida disse-me, na primeira inspiração, tudo
"Serão cordeiros e por seus própros serão predados"