sexta-feira, 29 de abril de 2011

Declarações

Declaração

Olho-te com os globos que sempre hão de te observar,
E vislumbro a perfeição em retas inquietantes
Suaves e febris, elas pulsam como consoantes
no meio das vogais do "eu te amo" que quis te contar..

Não contei, pois tive receio insistente
De ser um pouco cedo pra ti, mas pra mim
já é tarde, já é sentido, é curva sem fim
Nessa longuíssima estrada, sinapse incoerente..

E de tantas moças belas e esbeltas em curvas
foste escolher logo essa, sem graça, sem sentido
Cheia de defeitos, sem brilho, como águas turvas...

E eu, pulsante, assopro-lhe no ouvido
Que gosto tanto de ti no meio dessas recurvas
Que te quero muito além do bem querer divido.



sábado, 23 de abril de 2011

Daqui Rumo ao Agora



Trovões rasgam o céu, iluminam o escuro
Deixado pela tua ausência entre as estrelas
Que nunca deixaram de brilhar por medo que estejas
a olhar outras constelações no meio do obscuro..

Risco ríspido que rasga as ruinas, rastros rasos
De uma longa jornada para te encontrar nessas frias
estradas que trilhamos, eternas noites sombrias
sem sinal ou final, apenas riscos de luz dos fardos..

E onde estamos agora? estamos em nós, afora
um no outro? ou estamos sós, afogando-nos
em vazios a dentro, nas lacunas do agora?

E eu me encontro dentro de ti, onde abraçamo-nos
prometendo uma vida de projetos, sonhos em aurora
Sonhando encontrar-te enquando beijamo-nos.





terça-feira, 19 de abril de 2011

Estrela Cadente

Estrela Cadente

Sobre as rochas nuas, ela deita e repousa
sobre um mar em divã que a compreende
ao lado dele, ela nada mais quer, pois sente
que nada é maior do que a pluma que, nela, pousa...

Límpidos e Cristalinos, os feixes d'água alcançam
Seus pés que, delicadamente os dele, acariciam
Como danças de sereias; em instantes findariam
No selar em beijo entre as ondas que vibram e balançam..

Pois olhe! lá onde o horizonte cessa
Existe a linha tênue que traça o meu amor
e desenha minha alma, chegando a ti como promessa...

No branco das estrelas, que desmoronam em chuva e esplendor,
Uma cascata de luz ascende e nos atravessa
como se fossemos um só e ao mesmo tempo nada mais que o amor.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Miliampères

os circuitos, enferrujados, realinham-se
para mais uma função predita do mandante
eletricamente, magneticamente, incessante
mecânica dilacerada dos dias que afinam-se...

O resistor, gasto, já não impede
que a corrente de ampères, como ácido, trilhe
corroi o exosesqueleto, dizendo a teu sorriso "brilhe!
e assista a meu curto-circuito, pra sempre me dilacere.."

A tomada já não carrega mais meus sentimentos
Já não incendeia minha robótica incoerente..
Tampouco alimenta a vontade de viver em esquecimentos..

Teu amor, longíquo, já não mais sinto fervente
Resta-me desligar a bateria cansada de incontentamentos..
E respirar a escuridão que sempre esteve presente.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Motivos


as palavras me escolheram para designa-las
a uma triste missão de retratar um sentimento
e por mais que isso traga-me paz e tormento
Não sou digna de recusá-las ou, por menos, amá-las

são como estrelas que brilham e caem
numa atmosfera pueril e sinuosa
uma dança intrínseca entre-nebulosa
onde os sonhos voam e se esvaem...

sinto, e ouso dizer, vivo o que meu coraçao sente
como pincel que pinta os pulsos desenfreados
transcedentalmente, atemporalmente

e é por ti que penso, sinto, parto-me em pedaços
e é por ti que escrevo, grio, cravo incansavelmente
cada pedaço de um coração partido em estilhaços...

sábado, 9 de abril de 2011

Números

Ah! se, o coração, por instantes, olhos tivesse
e visse o quão eu sou nada minha, e tão tua..
o quão esse sentimento cresce, padece e perpetua
o quão estrelado seria se meu amor lá houvesse...

Se em meu céu houvesse apenas uma estrela
que fosse ela tu, e teu brilho cegasse
meus olhos para somente ver-te e sussurrasse
o quão indelével é, desse amor, minha parcela..

Minha voz poderia, apenas, mencionar o teu nome
E te dizer que a vida que colocou em mim
Jamais teria algo tão lindo pra substituir em codinome..

Como o céu que brilha exaustivo, eu, enfim
Só peço para ouvir uma vez mais da minha estrela renome
Um pedido para eu lembra-la dela, de agora até o fim.

esse poema não terá uma imagem ilustrativa, uma vez que nada poderia ilustrar algo tão sem forma.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Anoitecer


o fogo se ascende, sobre as lágrimas cadentes
de uma noite onde um diluvio nao fora suficiente
para arrancar a tristeza e o vazio d'alma ardente
para cicatrizar os estilhaços de vidro ferventes

Os olhos se fecham, depois de mais um dia
Em que tu não estavas nos meus sonhos rotineiros
Tu estavas preocupado e ocupado com teus amantes pioneiros
E esqueceu de contemplar tua estrela que em chama ardia...

E essa mesma estrela chorou noturnal tempestade
No silencio de uma nuvem que, de longe, não era passageira
Ouvindo o acalanto da corrompida felicidade..

Quando viu curvas de luz surgir, derradeira
Sabia que era hora de partir para sobriedade;
De embriagar-se nessas linhas traiçoeiras

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cada Parte de Ti

Questionaram-me outro dia, do meu poder
de amar-te tão rápido quando as estrelas
que despencam do ceu e permanecem acesas
Tão rápido quanto um suspiro teu a romper..

Amar-te? não soube responder como seria
se não fosse desse único jeito, meio de vida
Pois amar é ser, é sentir, um caminho de única ida
e desde que você chegou, eu sou mais do que gostaria..

Amar-te é mais que sentir, é um delírio inconstante..
de autonomia, dependência, várias pinturas surrealistas
No meio de tanta cena, desejo febril e inquietante.

E teus olhos, ah! pares vibrantes, imperialistas
Que ditam meus batimentos, minha vontade incessante
de te amar mais e mais, nessas trilhas masoquistas..