Declaração
Olho-te com os globos que sempre hão de te observar,
E vislumbro a perfeição em retas inquietantes
Suaves e febris, elas pulsam como consoantes
no meio das vogais do "eu te amo" que quis te contar..
Não contei, pois tive receio insistente
De ser um pouco cedo pra ti, mas pra mim
já é tarde, já é sentido, é curva sem fim
Nessa longuíssima estrada, sinapse incoerente..
E de tantas moças belas e esbeltas em curvas
foste escolher logo essa, sem graça, sem sentido
Cheia de defeitos, sem brilho, como águas turvas...
E eu, pulsante, assopro-lhe no ouvido
Que gosto tanto de ti no meio dessas recurvas
Que te quero muito além do bem querer divido.