segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Como se deve amar?




hoje o amor, em mim, invade
avassala, perfunde, preenche todo o espaço inacabado
dá sentido ao vazio apertado, meu amor juvenil agitado
dá calmaria nas manhãs quando ainda é de tarde...

dá o sabor de um bem querer constante
e não somente é puro em seu amor de romance
é o sol que acalma o frio quando o calor é escaldante
é a certeza de não estar só mesmo num abismo incessante...

como pode, esse amor, tão grande em tão pouco espaço?
tão intenso num corpo tão ofegantemente fraco?
tão nobre e vil em alguém tão vulneravelmente escasso?

pois, aprendes, que o amor não precisa de qualquer marco
necessita, apenas, do olhar, do toque, do perfume daquele frasco
para florir o jardim de um coração desolado ou em estilhaço..

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poema do Abandono

Já sofri do dito abandono diversas noites e diversos dias
Parti minha alma em 3 mil pedaços para esquecer toda uma vida
Fiz promessas irrecusáveis, sugeri meu pulso como a partida
Para devolveres as palavras. Iludi-me, achando-as minhas...

Nunca mais voltaram para meus papéis solitários
Não tocaram mais a tinta da minha caneta extravasada...
Abandonaram completamente minha alma acabada
E deixaram vazios os versos, tornando-se desnecessários... 

O que era o sentido de uma vida, hoje é frustração incansável
É a dor de perder a única maneira que se tinha em ser alguém
É deixar o vento levar as pétalas da última rosa inexorável...

As dedos, cansados de procurar palavras em si, retêm
O pesar de não riscar o traço da palavra inconsolável
E a certeza de escrever mais uma linha para ninguém

Baile de Prantos

Vesti-me da noite, pus minhas asas e, rua afora
Defronto-me com os lampejos febris de vagalumes
Brilho sutil, noite pálida e gritos em altos volumes
Abafados em travesseiros encharcados do pranto outrora..

De um lado, um amante lunar paira nos braços da amada
Do outro, uma senhora triste enxuga a lágrima derramada
A frente, uma incerteza que afronta a alma desolada
E atrás, um passado que assombra a face por ele condenada

Agora, asas que vesti vieram no tamanho errado
Contudo, nada mais me serviria naquele momento enfadonho
E se servissem, vestiriam tristeza, dor, meu traço já marcado..

Cai de joelhos, as pernas não suportam mais o sorriso tristonho
Ao olhar para o piso sombrio, vê nele um amigo semelhante calado
Que viu nela a dor do pisar, a vontade de viver em autocárcere medonho...