quinta-feira, 12 de novembro de 2015

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É a primeira vez que escrevo um conto. Eu, que sempre encontrei na poesia uma forma de expressão, cá estou tentando contar algo, no lugar de poetar algo. A vida tem dessas, afinal, ela tem aprontado muito, não é mesmo? Eu não sei se estarei apta a escrever um conto novamente. Sendo assim, que fique registrado que esse é o primeiro e o último conto meu, uma despedida a mim mesma, mas jamais um adeus a ti, que me lê.

Afinal são tantas coisas que permanecem não ditas. Ah, Olá. Sim, eu sigo triste, como de costume. Eu sigo sozinha. Eu sigo querendo te seguir. Eu sigo sentindo saudade.

Sinto saudade da tua voz, principalmente. Tu que gosta tanto de ouvir, mal sabia eu que amaria te escutar.
Sinto saudade do teu quarto, que eu nem conheci. Nunca estive. Mas tinha cheiro de lar, tinha cheiro de nós, tinha cheiro de amor recém feito.
Sinto saudade das tuas tatuagens. Elas pareciam perfeitamente sincronizadas com o teu corpo. Tu dava significado a elas tão bem...
Sinto saudade de todos os beijos que tu me prometeu. Tu prometeu..
Sinto saudade da tua força, do teu espírito inconformado com tudo, do quanto tu costumava brigar pelas causas que tu acreditava, porque eu não desisti. Eu só não quis te machucar.
Sinto saudade da forma com a qual tu me olhava. E quando eu me esticava, de como tu se deliciava devorando o meu corpo.
Sinto saudade da forma como eu era quando tu acreditava em mim. Sinto saudade de tudo que eu fui quando estive contigo. E tenho medo do que eu me tornei agora.

Os contos parecem ser tão curtinhos. Começam rápido, vão direto ao ponto e quando vê, já terminaram. Por que temos que nos contentar em ser um conto quando poderíamos ser a mais devastadora e cheia de reviravoltas das histórias já escritas?

(...)

domingo, 11 de março de 2012

Chão de Palavras



E quando as lembranças assombram os sorrisos
Quando as lágrimas acalmam a felicidade
Quando os olhos se cansam sob a vitória da saudade
É nesse momento que o obscuro intercede na vida em riscos...

Quando o pranto não acalma a infinita sensação de dor
E quando nem mesmo fechar os olhos gera descanso...
São nesses momentos, que as mãos, em toque manso,
Sufocam a garganta cheia de dizeres de um desperdiçado amor...

Quando a cabeça deita nas arrasadas palavras no chão
E se deleita do sono que não veio naquele dia, oh não...
Não me lembre do dia em que partira e me tornasse  em vão

E quando o coração não aguenta mais pulsar, entra em exaustão
Quando o sangue para nos vasos e as células, o silêncio, nos dão
É nesse momento que recordo daqueles beijos que jamais acontecerão.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sono do Asfalto



Anoitece, e os sonhos acordam apaixonados
libertam um beijo em direção a noite turva
anseiam pelo teu toque, tua boca em delirante curva
onde meus desejos se perdem desalertados...

E eu faço das nuvens, meu travesseiro
e das estrelas, me cubro! meu cobertor
da lua, minha incansável confidente de um amor
que não está aqui para amar-me num tiro certeiro... 

No entanto, não estás aqui para embebedar-se
dessa saudade atordoante que faz, da noite, ícaro eterno
De um coração que só faz pedir-te e em ti, perder-se.

Não é, contudo, que não te queira companheiro, escuro terno
Pois em ti sinto os sonhos afora, num suspiro, acenderem-se
Podendo invadir e sonhar um pouco mais desse doce inferno.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Como se deve amar?




hoje o amor, em mim, invade
avassala, perfunde, preenche todo o espaço inacabado
dá sentido ao vazio apertado, meu amor juvenil agitado
dá calmaria nas manhãs quando ainda é de tarde...

dá o sabor de um bem querer constante
e não somente é puro em seu amor de romance
é o sol que acalma o frio quando o calor é escaldante
é a certeza de não estar só mesmo num abismo incessante...

como pode, esse amor, tão grande em tão pouco espaço?
tão intenso num corpo tão ofegantemente fraco?
tão nobre e vil em alguém tão vulneravelmente escasso?

pois, aprendes, que o amor não precisa de qualquer marco
necessita, apenas, do olhar, do toque, do perfume daquele frasco
para florir o jardim de um coração desolado ou em estilhaço..

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poema do Abandono

Já sofri do dito abandono diversas noites e diversos dias
Parti minha alma em 3 mil pedaços para esquecer toda uma vida
Fiz promessas irrecusáveis, sugeri meu pulso como a partida
Para devolveres as palavras. Iludi-me, achando-as minhas...

Nunca mais voltaram para meus papéis solitários
Não tocaram mais a tinta da minha caneta extravasada...
Abandonaram completamente minha alma acabada
E deixaram vazios os versos, tornando-se desnecessários... 

O que era o sentido de uma vida, hoje é frustração incansável
É a dor de perder a única maneira que se tinha em ser alguém
É deixar o vento levar as pétalas da última rosa inexorável...

As dedos, cansados de procurar palavras em si, retêm
O pesar de não riscar o traço da palavra inconsolável
E a certeza de escrever mais uma linha para ninguém