segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Primeira Vez

Quando meus olhos encontraram os teus
O feitiço atordoou-os em chama e pranto;
Descongelou um mundo de gelo, e num espanto
Bombeou para todas as células os encantos teus.

Quando meus olhos encontraram os teus
Sentia que meu coração crescera mais que poderia
Enchia-se de esperança, e no entanto, sentia
Que era bomba incontrolável a mercê dos dizeres teus.

Quando meus olhos encontraram os teus
O resquício de felicidade minha houvera ido
tudo a ti. sempre a ti. os versos meus..

Quando meus olhos encontraram os teus
vi um céu mais azul do que poderia um dia ter visto
E não me importei mais em viver entre monstros meus...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Concerto de Espera


As notas vêm, destoantes e desapercebidas
Vêm como brisa fria numa manhã febril
Dissipam-se como teu olhar e, de forma sutil
Preenchem as fronteiras conjuntas infinitas

Invadem o labirinto e martelam o tímpano
Com a mesma vibração que tuas palavras entonam
É bem verdade que algumas destas, nem ditas foram
e outras, no entanto, atravessaram-me como diáfano.

Como musicista que, pacientemente, espera
a vibração da inspiração bater-lhe na mente
Esperei-te no meio-tom do soneto, enquanto pudera...

Permaneço, então, em partitura vazia, incoerente
em que só espaço vazio e único da nota impera,
Esperando-te, maestro, para dançar na linha carente.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Outra Estrela...


No céu estrelado, no negro sem fim, entre tantas estrelas
Há duas distantes, brilhando viva e intensamente
Uma muito bela e afortunada; a outra, descontente
Por seu observador confundir-se com o brilhar delas

A linda estrela embeleza-se de ouro, prata e diamante
Brilha como os olhos de um apaixonado viajante
Que descobre mundos com seu andar inconstante
E povoou os olhos do observador, com seu brilho atordoante

E a estrela descontente, com seu brilho sutil
Atrai as vistas do fortuito observador, que de duvidas embebeda-se
Apaixonado por sua linda estrela brilhante e pueril...

A estrela descontente -a outra estrela- esconde-se
Entre as nuvens do céu negro, está e permanece febril
Doente de amor pelo observador que, com sua linda estrela, amam-se.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Perdendo o Senso

no pé da minha cama, vejo as nuvens e as estrelas
que um dia foram nossas promessas de vida, por divagações
hoje, nada mais se vê além de desoladas e perdidas constelações..
mergulhadas no obscuro e envolvente ar que entra nas janelas..

deito de qualquer jeito na nossa cama desarrumada..
ainda está ali o lençol rasgado, daquela noite perturbada;
onde o desentendido tomou conta da carencia mal interpretada
e enterrou o desejo de encontrarmo-nos em qualquer linha desolada...

afogo o pranto insconstante e intenso no travesseiro
que desafoga os pulmões meus que por instantes eram mar
de lágrimas desoladas, acompanhadas do pesar companheiro..

assisto a noite calma e tranquila, por meus olhos, a passar
contando a nossa história, meu amor, que por um instante derradeiro
desfez-se em pó que, permanentemente, a nossa estrela há de guardar..

sábado, 8 de janeiro de 2011

(último) ensaio de linhas

Esse é mais um ensaio de linhas tristes e desoladas
destilando lágrimas de tudo que poderia ser e nao fui,
é mais um fruto da incompetencia, da descrença que rui
em um mar negro, sombrio das monstrosidades engaioladas

Esse é mais um ensaio de uma tentativa frustrante de vida
Que expirou-se num olhar fatídico, visão triste e amarga
O Amor soprou como vento enfurecido, destruindo toda a carga
de reles esperanças; de reles velas; de reles sobrevida.

Esse é mais um ensaio de dança trágica
Cujos protagonistas não mais vivem no rancor
Restou apenas a dama fria e necrofágica

Esse é (o último) ensaio de suspiro, de amor
Que destino a ti, querido, apenas mais um minuto mágico
Nessas eternas horas de solidão e dor...





é tamanho sentimento de incompletude, que não ouso achar uma imagem como normalmente para simbolizá-lo

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O que meu Coração Diz




Quando a tristeza veio timida e calada
Pousou-se nos meus olhos e clamou pela lágrima
que percorreu o rosto e tocou a boca ávida
De sonhos em beijar teus lábios na umbra embriagada

Voltou-se aos olhos, ácidos e pesados
E encontrou a outra irmã solitária e andante
Lágrimas se misturam formando um som escaldante
Que se afina nos timbres dos nossos olhos cansados

Então digam-me lágrimas, por que descem  em prantos?
Vós sois corrosivas e acabam por machucarem-me e, no entanto
Sois o melhor consolo dos dias que vivo de tanto em tanto...

No âmago do amor, eu queimo na brasa em pranto
da ausência de um coração latente. E enquanto
Não completar o meu solitário, permaneço em recanto...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Onde o Amor Mora.

Escrevi pra ti hoje, um beijo
Escondido no canto esquerdo do lábio
Um desejo intrínseco e hábil
Que ficou guardado junto ao desejo.

Dobrei cuidadosamente o sentimento
Banhei-o no âmago dos meus pulsos
Inquietos, desacelerados e avulsos
Disritmados no balançar dos ferimentos..

Quis-te mais do que pude querer
E amei tua ausência mais do que pude suportar
E vivo entrelaçada nos teus olhos, hei deles beber!

Fico na esperança de um dia provar
Do teu amor, o mel puro e doce, para, enfim, ser
O beijo que nos teus lábios há de sempre morar!