sábado, 27 de junho de 2009


você conseguiria ver através da minha dor, motivos para ser forte? conseguiria, por meio de sonhos, me manter fluente na complexa linguagem que a vida usa para nos machucar, e machucar, e machucar cada vez mais... conseguiria com a sua graça, me fazer esquecer que eu preciso ser forte? conseguiria me fazer voar alto, sonhar alto, para esquecer que, por mais cheia de pessoas, de sentimentos, no fundo, as nuvens todas estão indo embora... ? conseguiria estancar o sangramento das minhas veias no intuito de eu conseguir continuar pulsando? ousaria me fazer ver além do horizonte sombrio dos meus olhos? conseguiria me deixar sozinha no silêncio, quando eu implorasse pelo som? Faria um torniquete no meu pescoço para que todo esse mal-estar conseguisse nunca mais conhecer meus labios? Pararia, se conseguisse, de me perguntar se eu estou bem quando eu chorasse e gritasse no fundo "eu não consigo sozinha"? o tempo tem passado para mim.
por muito tempo eu achei que era forte o suficiente para manter preso meu pranto e exorcisa-lo as escondidas. por muito tempo eu me vi no espelho e lutei para tentar me enchergar. mas agora... eu não consigo mais sozinha. eu preciso de força, porque eu ja nã tenho mais daonde tirar para encarar tudo isso... eu preciso tirar esses monstros que atormentam minha garganta, que dilaceram meus pulmões e me fazem tísica;
mas, quem mais me protegeria de tudo isso, como tem feito por muitos anos, se não a mim? eu me deixei no silêncio, eu mesma desisti de lutar, mas está tudo perdoado.
la no fundo, eu sei.
você diria não. eu ja disse isso há muito tempo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009


E de doce sombra, fez-se a tua hora
Da partida de tamanha e incessante dor
Que nunca ousou em deixar-me e se outrora se for,
Saberei que já não mais existirá o meu agora.



Em triste viver, tornou-se a melancolia
Aos passos da incondicional solidão
Hoje, meus sentimentos vem e vão
Entre as ínfima passarela que dantes me valia



Se um dia ja sorri, foi por amar-te mais do que querer-te,
Do puro amor que serra a minha alma em duas
puramente tuas em servir-te



Sabeis, formoso amor, que nunca irei sair das páginas nuas
E sempre que folhar o livro de meu coração, acharás, certamente
Uma alma que clama pela tua, e outra que morrerá para ambas serem, eternamente, tuas.



Soneto das Almas Duplas - Mellanie Dutra