quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pulso

 
Pulsa. o coração não para, não se rende
pulsa, soluça, com o  intruso, obtuso,
pulsa o sangue, d'alma avulsa, do verso confuso
e escarra saudades, caos absoluto, putrefado tende.

Pulsa, com arterias escleurozadas,
esvai-se em sangue e a abstinencia recebe
sem ar, sem vida, só um suspiro concebe
no intuito de o ar alcançar, células necrosadas.
 
Pulsa, o fim está a caminho, as cores, tudo mudado,
de vermelho, ao preto estamos nos tornando, respirando
pulsando? a frequencia está decrescendo; o pulso, calado...

Pulsa, mais uma vez! como se o ar próprio estivesse suspirando
pulso cansado, atordoado, inevitável, despedido...
E empregado na eternidade das almas que aqui ando.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Poema Triste

 
Já tive épocas em que a vida
Foi, cada dia, um sorriso radiante
Cada dia, um abraço contagiante
Cuja luz apagou-se, com a, de sua sombra, vinda.

Por que viestes? Sois desumano,
Arranca o coração meu, e continuo pulsando
Como zumbi andante, sem rumo, clamando
Por misericórdia de teu ser profano.

Agora, a profecia cumpriu-se
Eternamente, na tortura estarei
enjaulada no remorso que permanece...

Mas, sabeis, alma ilúcida, ver-te-ei
no abismo do inferno, o mesmo que tua alma concete
a prisão para a vida que findei.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Relógio


Saudosa infância, já faz muito tempo
Que não brinco com a querida boneca
Ou tomo o leite na colorida caneca
que os dias tornaram em po e vento

E a pracinha, eterno berço de compaixão
Escudo da tristeza, do ódio e da solidão
agora, és cinzenta, imunda e em vão
toda a alegria fora; és dor, corrupção

Tempo, inerente, com personalidades impetuosas
Cresci. e agora? sorrir, desaprendi outrora
Sou monstro das tuas horas impetuosas

Escrava dos segundos, presa do relógio, ora
badala na tristeza, ora nas lágrimas silenciosas
na eterna frequencia da cansada hora....

Amanhecer da Noite


Abro meus olhos, mostro-lhe a alma
O sol aquece, com suavidade, minhas mãos
E por mais fria que for a solidão
Não anestesia a dor, constante e calma

Levanto-me, olho-me no espelho
Vejo tudo que pode ser e não fora
As oportunidades, hoje é lembrança que mora
Na tristeza que tornou o novo em velho

Os dons, que tanto me orgulhei
Se esvaem como as folhas no outono em tarde
E a vida fca, putrefada da vida que sonhei

Agora, abro a cicatriz, que sangra e arde
Cicatriz cujo sangue corrompido banhei
A infeliz história que, o meu coração, invade

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Monstro


Eu, quimera ambulante, enfadada da tristeza,
Sepulto os infelizes no meu coração putrefado
Julgo o amor por homícidio culposo de meu corpo arrancado
e de minh'alma funesta; sem dúvida, tampouco certeza.

Eu, quasímodo dos meus problema,
carrego a pesada solidão dos dias
e por mais chances que tu, amor, me concedias,
o fracasso é inerente, meu eterno emblema.

Eu, criatura amordaçada e eterna, sem fim
não me banhei dos prazeres que a vida ofereceu
coube a mim o destino de lutar pela alma enferma, enfim

Eu, ser desumanizado, cuja vida viveu
para a satisfação daqueles que não tiveram escolhas entre não e sim
Sou apto a morrer na esperança de vida, que não me concedeu...

Adeus.

Adeus. Foi tudo que poderíamos ter dito,
naquela hora fatídica do destino, ela parou
ele, por sua vez, nada se espantou
pois a profecia cumpriu-se, o real tornou-se mito.

Adeus. Foi tudo que poderíamos ter sentido,
o amor, cinzas de uma grande queimada
o carinho, cicatrizes de quem fora amada
a tristeza, enchente que inundou meu sentido

Adeus. Como poderíamos?
Nada mais restou, nem ódio já existe...
Defuntos sem alma, nada mais sentiríamos...

Adeus, este é o fim que insiste...
Em dar-nos adeus para o amor que nutríamos
como uma bela colheita que teu ser, a disseminar persiste.